Agência Pública: jornalismo investigativo e independente pautado pelo interesse público

A Agência Pública é um exemplo positivo de como uma iniciativa privada pode atender ao interesse público e praticar a comunicação pública. Fundada em 2011, é pioneira no Brasil ao apostar em um modelo de jornalismo sem fins lucrativos para manter a independência.

A coluna Conexão Pública conversou com Marina Dias, coordenadora de comunicação da Agência Pública. Ela recorda que o lançamento do projeto, há seis anos, foi liderado por três jornalistas mulheres, duas delas diretoras até hoje: Marina Amaral e Natalia Viana.

Marina Amaral foi uma das fundadoras da Revista Caros Amigos e Natalia Viana passou pela redação da revista Caros Amigos e, em 2010, foi a responsável por divulgar, no Brasil, os documentos vazados pelo Wikileaks à época. Em 2016, Natália foi a repórter brasileira mais premiada, junto com a Eliane Brum, que é conselheira da Agência Pública.

A motivação para fundar na Agência Pública foi a crença de que o acesso à informação é um direito de todo cidadão e cidadã. “Queremos espalhar nosso conteúdo para o maior número de pessoas. Uma de nossas missões é contribuir com o debate democrático no país através de reportagens investigativas e de interesse público”, afirma Marina.

A Pública é financiada por algumas fundações, como Ford Foundation, Open Society Foundation, Oak Foundation e Instituto Betty e Jacob Lafer. Há ainda a modalidade de financiamento coletivo de projetos por meio de crowdfunding.

O funcionamento é similar à uma agência de notícias e as reportagens produzidas pela equipe são livremente reproduzidas por uma rede de mais de 60 veículos, sob a licença creative commons. Entre os republicadores estão os maiores portais de notícias do Brasil.

Todas as reportagens da Pública são feitas com base na rigorosa apuração dos fatos e têm como princípio a defesa intransigente dos direitos humanos. Os principais eixos investigativos são: tortura e violência dos agentes do Estado; megainvestimentos na Amazônia; crise urbana; e empresas e violações de direitos humanos.

Entre os parceiros estão centros independentes de jornalismo da América Latina, dos Estados Unidos e da Europa, além de veículos tradicionais e expoentes das novas mídias.

Atualmente, a equipe da Pública tem cerca de 18 pessoas. A redação fica em São Paulo (SP) e há um Centro Cultural de Jornalismo, a Casa Pública, no Rio de Janeiro (RJ).

A Agência Pública aposta e incentiva em organizações formadas e gerenciadas por jornalistas. “Acreditamos na reportagem e nos repórteres. Por isso, nos dedicamos também a fomentar o formalismo independente no Brasil”, afirma Marina.

Ao longo desses seis anos de história, a Pública já incubou duas iniciativas de jornalismo independente que investigam questões de interesse público e tem contribuído, há cinco anos, para financiar grandes investigações de repórteres independentes por meio do Concurso de Microbolsas.

No momento, estão abertas as inscrições, até dia 29 de abril, para o financiamento de reportagens sobre maconha, realizado em parceria com o Centro de Estudos sobre Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes (CESeC).

Uma das iniciativas da Agência Pública é o Mapa do Jornalismo Independente, que mapeou mais de 70 organizações brasileiras que fazem jornalismo independente, de interesse público e que não são ligadas a grandes grupos políticos ou empresariais. “Com essa iniciativa, constatamos que os veículos criados e gerenciados por repórteres estão surgindo cada vez mais no Brasil”, observa Marina.

Outro serviço relevante prestado pela Pública nesses tempos de pós-verdade é a checagem de fatos, por meio da seção Truco. Já desmentiu, por exemplo, a notícia de um desabafo de Ciro Gomes escondido pela TV Globo, checou frases atribuídas a Jair Bolsonaro e destrinchou seis fatos sobre a Reforma da Previdência.

A atuação da Agência Pública tem sido recompensada por meio de prêmios jornalísticos, comoVladmir Herzog, Gabriel Garcia Marquez, Comunique-se, José Lutzenberger de Jornalismo Ambiental, Roche de Jornalismo e Saúde, Délio Rocha – Jornalismo de Interesse Público e muitos outros.

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Texto: Iara Vidal é jornalista, associada à ABCPública e colunista da coluna Consumo Consciente, do Brasília de Fato. iara.vidal73@gmail.com

Fonte: Brasília de Fato